Pesquisa realizada com economistas é divulgada semanalmente pelo Banco Central
Por Estadão Conteúdo / Foto Reprodução
As projeções dos analistas para a inflação de 2024 e para a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro subiram nesta semana, segundo dados divulgados nesta segunda-feira, 28, pelo Relatório Focus do Banco Central. A pesquisa realizada com economistas é divulgada semanalmente pelo Banco Central (BC).
A mediana do relatório Focus para o IPCA de 2024 subiu pela quarta semana seguida, de 4,50% para 4,55%, superando o teto da meta de inflação (4,50%). Um mês antes, a taxa estava em 4,37%. Considerando apenas as 57 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a previsão passou de 4,54% para 4,55%.
Se a estimativa intermediária do Focus se concretizar, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, vai terminar a sua gestão escrevendo a terceira carta aberta para explicar o descumprimento da meta. O mandato do banqueiro central vai até 31 de dezembro. A partir de 2025, Campos Neto será substituído na presidência da instituição pelo diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, indicado ao cargo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e já aprovado pelo Senado.
No Focus, a mediana para a inflação de 2025 oscilou de 3,99% para 4,0%, mais próxima do teto, de 4,50%, do que do centro da meta, de 3%. A partir do ano que vem, a meta será contínua, apurada com base no IPCA acumulado em 12 meses. Se o indicador ficar acima ou abaixo do intervalo de tolerância por seis meses consecutivos, o Banco Central terá descumprido o alvo.
Considerando as 56 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para o IPCA de 2025 se manteve em 4,0%.
As medianas para os horizontes mais longos permaneceram descoladas da meta, em 3,60% para 2026 e 3,50% para 2027. O Comitê de Política Monetária (Copom) considera o primeiro trimestre de 2026 como horizonte relevante da política monetária e estima inflação de 3,50% nos quatro trimestres encerrados nesse período, no cenário com a taxa Selic do Focus e dólar começando em R$ 5,60 e evoluindo conforme a paridade do poder de compra (PPC).
Também no cenário de referência, o Banco Central espera que o IPCA termine 2024 em 4,30% e desacelere a 3,70% em 2025.
PIB
A mediana do relatório Focus para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2024 aumentou pela terceira semana seguida, de 3,05% para 3,08% - aproximando-se das estimativas do Banco Central e do Ministério da Fazenda, de 3,20%. Considerando apenas as 35 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana passou de 3,04% para 3,07%.
A estimativa intermediária para 2025 se manteve em 1,93%, estável há três semanas, apesar da expectativa de um ciclo maior de aumento de juros - que, tudo mais constante, deveria ter impacto na atividade. Um mês antes, a projeção era de 1,92%. Considerando apenas as 33 expectativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana passou de 1,93% para 1,90%.
Os economistas do mercado não alteraram as projeções de crescimento da economia em 2026 e 2027. Ambas permaneceram em 2,0%, como já estão há 64 e 66 semanas, respectivamente.
Déficit primário em relação ao PIB
A mediana do relatório Focus continuou indicando déficit primário de 0,60% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024, estável há oito semanas e ainda distante da meta do governo, de déficit zero, com tolerância de 0,25 ponto porcentual para mais ou para menos. O Executivo espera obter um resultado negativo de R$ 28,8 bilhões este ano, em linha com o piso do alvo.
A estimativa intermediária para o déficit primário de 2025 se manteve em 0,20% do PIB, ainda fora da meta. No ano que vem, o alvo também é um déficit primário zero, com tolerância de 0,25 ponto do PIB. Um mês antes, o mercado esperava um saldo negativo de 0,73% do PIB nas contas do governo em 2025.
Nominal
A estimativa intermediária do Focus para o déficit nominal de 2024 passou de 7,76% para 7,70% do PIB, contra 7,78% do PIB um mês atrás. A mediana para o rombo de 2025 continuou em 7,15% do PIB. Há quatro semanas, estava em 7,30%.
resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após o gasto com juros e outras despesas financeiras.
A mediana para a dívida líquida do setor público como proporção do PIB em 2024 continuou em 63,50%, o mesmo nível das últimas seis semanas. A estimativa intermediária para 2025 seguiu em 66,68% do PIB.
Selic
A mediana do relatório Focus para a taxa Selic no fim de 2024 se manteve em 11,75% pela quarta semana consecutiva, consolidando a avaliação do mercado de que o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentará os juros em 0,5 ponto percentual nas duas próximas decisões, de 6 de novembro e 11 de dezembro.
Considerando apenas as 46 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa intermediária para a Selic também se manteve em 11,75%. Na sua última decisão, de 18 de setembro, o Copom aumentou os juros em 0,25 ponto porcentual, de 10,50% para 10,75%.
A estimativa intermediária para os juros no fim de 2025 permaneceu em 11,25%, após duas semanas de alta, ainda indicando que a visão do mercado é de que o BC terá pouco espaço para reduzir as taxas no ano que vem, em meio às pressões inflacionárias e à desancoragem das expectativas de IPCA.
Levando em conta apenas as 45 expectativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana de Selic no fim de 2025 também continuou em 11,25%.
A mediana para os juros no fim de 2026 ficou inalterada em 9,50%, como está há nove semanas. A projeção para o fim de 2027 seguiu em 9,0%, estável há 23 semanas.
ólar
A mediana do relatório Focus para o dólar no fim de 2024 subiu pela segunda semana consecutiva, de R$ 5,42 para R$ 5,45. A estimativa intermediária para 2025 se manteve em R$ 5,40, mas os economistas ajustaram as projeções para 2026 (R$ 5,30 para R$ 5,33) e 2027 (R$ 5,30 para R$ 5,35), após seis e sete semanas de estabilidade, nesta ordem.
A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020. Com isso, o BC espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.