Petrobras nomeia gerente demitido por corrupção como interino para driblar compliance
Economia, Negócios e Desenvolvimento
Publicado em 01/11/2023

Bancado por Jean Paul Prates, o ex-funcionário Luís Fernando Nery já despachava desde junho como assessor da presidência

Por O Globo / Foto Mauro Pimentel (AFP)

A Petrobras nomeou no dia 1º de outubro o ex-funcionário Luís Fernando Nery para comandar interinamente a Gerência Executiva de Comunicação e administrar uma verba de cerca de R$ 150 milhões para a contratação de agências de publicidade, comunicação e patrocínios.

 

Nery, que ocupou o mesmo cargo entre 2015 e 2016, foi demitido em 2019 por envolvimento em suspeitas de corrupção, após uma apuração interna que constatou desvios em verbas de publicidade e eventos.

Em abril passado, o CEO da estatal, Jean Paul Prates, já havia tentado nomeá-lo gerente executivo, mas o comitê de conformidade da empresa vetou a recontratação por causa das irregularidades cometidas no passado.

Prates, então, abrigou Nery como assessor especial da presidência – cargo para o qual não é necessária a aprovação do compliance. Foi lá que o ex-gerente passou os últimos cinco meses, recebendo salário de R$ 63 mil e participando, na prática, de várias decisões importantes da área de publicidade e patrocínio

A Petrobras nomeou no dia 1º de outubro o ex-funcionário Luís Fernando Nery para comandar interinamente a Gerência Executiva de Comunicação e administrar uma verba de cerca de R$ 150 milhões para a contratação de agências de publicidade, comunicação e patrocínios.

 

Nery, que ocupou o mesmo cargo entre 2015 e 2016, foi demitido em 2019 por envolvimento em suspeitas de corrupção, após uma apuração interna que constatou desvios em verbas de publicidade e eventos.

Em abril passado, o CEO da estatal, Jean Paul Prates, já havia tentado nomeá-lo gerente executivo, mas o comitê de conformidade da empresa vetou a recontratação por causa das irregularidades cometidas no passado.

Prates, então, abrigou Nery como assessor especial da presidência – cargo para o qual não é necessária a aprovação do compliance. Foi lá que o ex-gerente passou os últimos cinco meses, recebendo salário de R$ 63 mil e participando, na prática, de várias decisões importantes da área de publicidade e patrocínio

esse período, a gerência de comunicação foi comandada por uma funcionária de carreira da Petrobras, Vânia Gonçalves. Segundo apurou a equipe do blog, Prates tem dito internamente que Nery é uma indicação pessoal de Lula, o que justificaria sua insistência em nomeá-lo.

 

Agora, o presidente da Petrobras encontrou uma forma de driblar a exigência do compliance e colocar Nery no cargo.

Pelas regras da empresa, um "substituto eventual" é nomeado quando é preciso "cobrir" uma determinada posição enquanto o executivo titular não vem, e pode ficar no cargo por no máximo 180 dias.

 

Funcionários da área de comunicação ouvidos pela equipe da coluna, porém, afirmam que na prática Nery já está comandando a área de comunicação desde fevereiro.

A Petrobras, por sua vez, confirmou que Nery assumiu a nova função, mas não explicou por que ele assumiu o cargo no lugar de Vânia Gonçalves e nem respondeu se, como "substituto eventual", ele será submetido a uma nova avaliação do compliance.

a companhia ninguém tem dúvidas de que Nery deverá usar a influência da cadeira para tentar se manter no cargo. Os salários da Petrobras não são públicos por se tratar de uma companhia de capital misto, mas a equipe do blog apurou que a remuneração de um gerente executivo varia de R$ 53 mil a R$ 79 mil.

 

Luis Fernando Maia Nery é ligado a Wilson Santarosa, que também ocupou a gerência de comunicação da Petrobras entre 2003 e 2015, período compreendido pelos governos Lula e Dilma Rousseff.

Mantém ainda conexão estreita com a Frente Única dos Petroleiros (FUP), que, como mostramos no blog, exerce forte influência na cúpula da Petrobras na gestão Prates.

 

O agora gerente executivo foi alvo de uma comissão interna de apuração (CIA) da estatal após o GLOBO revelar, em 2016, que a companhia gastou mais de R$ 1 milhão em valores da época com ingressos em camarotes no carnaval baiano para políticos e auxiliares da então presidente Dilma Rousseff, além de patrocinar o trio elétrico de um parente do chefe de gabinete do ex-presidente da companhia, José Sérgio Gabrielli.

 

 

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