Eleita em 1934 deputada estadual, tinha como bandeira política o poder revolucionário e libertador da educação
Publicado por EL PAÍS
Filha de escrava liberta e órfã de pai, Antonieta teve uma infância muito pobre e difícil. Nasceu em Desterro, como era chamada Florianópolis, no dia 11 de julho de 1901. Alfabetizada pelos estudantes que moravam em sua casa — uma pensão fundada por sua mãe para complementar a renda — , ela continuou estudando até se tornar jornalista, professora e política.
Além da educação, Antonieta defendia a valorização da cultura negra e a emancipação feminina. Professora formada, tinha 17 anos quando fundou o curso “Antonieta de Barros”, com o objetivo de combater o analfabetismo de adultos pobres. Sua crença era que a educação era a única arma capaz de libertar os desfavorecidos da servidão.
Por sua força e coragem, Antonieta sofria com constantes ataques dos homens ricos de Santa Catarina, tanto por parte das oligarquias da mídia, quanto da política. Mas nada a intimidou e seguiu, na carreira de jornalista, escrevendo sobre educação, os desmandos políticos e a condição feminina.
Em 1945 concorreu a deputada estadual, sendo eleita suplente. Assumiu em 1947 e cumpriu o mandato até 1951. Desde sua vitória, apenas outras 15 mulheres ocuparam uma cadeira na Assembleia de Santa Catarina. Nenhuma negra.
Foi um projeto de Antonieta a lei que criou o Dia do Professor e o feriado escolar nessa data (Lei Nº 145, de 12 de outubro de 1948), em Santa Catarina. A data seria oficializada no país inteiro somente quase 15 anos depois, em outubro de 1963, pelo então presidente da República, João Goulart.
Antonieta é uma verdadeira heroína brasileira e seu nome deveria ser tão conhecido quanto o dia de hoje. Que no futuro todas as crianças possam conhecer sua história. Viva as professoras e professores, viva às mulheres, viva ANTONIETA DE BARROS !