Familiares, amigos, ex-companheiros e torcedores se despedem de Adílio em velório na Gávea
Geral
Publicado em 06/08/2024

Ídolo do Flamengo não resistiu a um câncer no pâncreas e morreu aos 68 anos

Rio - Os familiares, amigos, ex-companheiros e também os torcedores do Flamengo começaram a se despedir do ex-meia Adílio, ícone rubro-negro, que morreu na última segunda-feira, aos 68 anos. O velório do ex-jogador teve seu início, nesta terça, às 10h (de Brasília), no ginásio do Flamengo, na sede da Gávea, Zona Sul do Rio. O ícone rubro-negro será enterrado no Cemitério São João Batista, em Botafogo, também na Zona Sul, às 14h (de Brasília).

Nomes importantes como o ex-jogador Andrade e Zinho, tetracampeão mundial e ídolo do Flamengo, foram as primeiras personalidades do futebol a chegar para a despedida. Titulares da equipe campeã da Libertadores e do Mundial, como Zico, Júnior, Leandro, Nunes, Raul Plassmann e Mozer, também estiveram presentes. Jayme de Almeida, que foi atleta e técnico do clube, foi outro que chegou cedo para o adeus. 

Outros ex-jogadores como Bebeto, Júlio César, Gilmar Popoca, Jônatas e Carlos Alberto compareceram. O presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, chegou por volta das 11h no ginásio, e teve a companhia dos ex-presidentes Márcio Braga e Eduardo Bandeira de Mello. Ídolo do Fluminense, Delei, que foi adversário de Adílio em muitos momentos nos anos de 1980, participou da cerimônia.

Por volta do meio-dia, uma cerimônia religioso aconteceu durante o velório. Após o encerramento, os presentes entoaram o Hino do Flamengo. Outras figuras importantes chegaram no início da tarde, como o treinador da seleção brasileira, Dorival Júnior, que conquistou a Libertadores pelo Flamengo, em 2022, o coordenador da CBF, Rodrigo Caetano, e Juan, ex-zagueiro do Rubro-Negro. Petkovic, ex-apoiador e ídolo do clube, completou a lista de personalidades presentes. 

O corpo foi velado aos pés do busto do ex-jogador, inaugurado na Gávea em 2019, e também de dois dos mais importantes troféus conquistados por ele no Flamengo: a Libertadores e o Mundial de Clubes de 1981.

Adílio não resistiu a um câncer no pâncreas e morreu na última segunda-feira, após duas semanas de internação em hospital particular na Freguesia, Zona Oeste do Rio. Em março, o ídolo passou por uma cirurgia de emergência por causa de dores na coluna, que se irradiaram para o estômago e abdômen. O procedimento foi bem-sucedido, mas a condição dele voltou a piorar.

Vida

Adílio de Oliveira Gonçalves nasceu em 15 de maio de 1956, na Cruzada São Sebastião, no Leblon. Filho de Sebastião e Laide Gonçalves, perdeu os dois muito cedo. O pai morreu quando ele tinha apenas 4 anos. A mãe partiu quando o menino tinha 14. Os ensinamentos, porém, ficaram.

"Minha mãe era uma pessoa maravilhosa, me dizia até as coisas que iriam acontecer comigo no futuro. Coisas que eu desconhecia. Minha mãe tinha uma visão muito boa. Eu tenho até uns traços dela, usei até no campo, antever o lance, trabalhar essa coisa de mente, puxar uma coisa para você positiva e a coisa acontecer. Isso vem até da minha mãe", disse Adílio, em entrevista ao Museu da Pessoa.

"Eu sempre fui uma pessoa positiva. Pode estar caindo um telhado na minha cabeça... Vai quebrar aqui (a cabeça), mas não vai quebrar o que é mais correto, que é o meu coração. Sempre pensei assim. Estou aqui, minha índole sempre foi a mesma. Fui pelo caminho correto", completou posteriormente.

Ele, aliás, sempre valorizou os estudos. Adílio foi aprovado em psicologia na PUC, mas foi aconselhado pela madrinha a fazer educação física. Assim, ingressou no curso em outra universidade: "Eu jogava e estudava. Eu sempre tive essa filosofia: 'Craque na bola, craque na escola'".

Início no Flamengo

A história no Rubro-Negro contou com o auxílio do grande amigo Júlio César, conhecido como Uri Geller, que já, mais tarde, também se tornaria um dos ídolos da torcida.

Júlio levou Adílio para fazer um teste, mas havia um problema: só poderia entrar quem era sócio. A solução, então, foi pular o muro da sede do clube escondido. Lá dentro, o amigo lhe deu uma camisa de treino e o apresentou ao treinador do futebol de salão.

"Quando ele (Adílio) dominou a bola já foi aprovado. Não precisou ver muita coisa também, não. O Adílio é meu irmão, batalhamos junto, jogamos em todas as categorias desde o dente de leite. Fomos galgando todas as categorias e chegamos ao lado do time principal. É um orgulho muito grande ter levado o meu amigo ao clube certo", disse Júlio César, ao Uol, em 2020.

Idolatria e carreira

Campeão mundial com o Flamengo, Adílio é um dos maiores ídolos do clube. Entre 1975 e 1987, o ex-jogador defendeu a camisa rubro-negra em 617 oportunidades, sendo o terceiro atleta que mais atuou pelo time. Com 129 gols marcados, ele venceu 377 jogos, empatou 148 e perdeu apenas 92 partidas.

Além do título mundial de 1981, maior conquista da história centenária do clube da Gávea, ganhou também uma Libertadores, em 1981, e três Campeonatos Brasileiros, em 1980, 1982 e 1983. Em sua lista de troféus, há ainda quatro Campeonatos Cariocas, seis Taças Guanabara e três Taças Rio.

Depois de mais de uma década defendendo o Flamengo, deixou o clube em 1987 e atuou por diversos times do Brasil e do exterior, aposentando-se em 1997.

Desde então, seguiu ligado ao clube carioca e atuou nas divisões de base. Ele, aliás, era o presidente do Flamaster, que reúne uma série de ex-jogadores e ídolos rubro-negros. No entanto, devido à doença, se afastou da equipe em abril.

Em maio, quando completou 68 anos, foi homenageado com uma festa no recém-inaugurado Museu do Flamengo, na Gávea, com a presença de vários ex-companheiros.

Em 1987, Adílio deixou o Flamengo e foi para o Coritiba. Na sequência, reforçou o Barcelona de Guayaquil. Lá, inclusive, ajudou na contratação de Edu, irmão de Zico, para o cargo de técnico do time.

"Eles se encantavam com o futebol brasileiro, diziam que era um futebol encantador. Nos treinamentos eu mostrava como tocava a bola, o Edu (irmão de Zico) falava bastante, o trabalho dele foi muito bom.

Encaixou tudo. A maioria que estava no comando ali era brasileiro, então ficamos muito amigos e ajudou bastante, a própria direção entendia à nossa maneira de jogar futebol, com toque de bola, vontade de fazer gols. Acredito que modernizamos um pouco o futebol de lá", contou Adílio, ao ge, em 2022.

O ex-jogador ainda soma passagens por Alianza Lima (PER), outros clubes do futebol brasileiro e Borussia Fuld, da Alemanha.

Seleção Brasileira

Apesar do brilho no Flamengo, recebeu poucas oportunidades e disputou apenas duas partidas com a camisa da seleção brasileira. Ainda assim, fez valer o tempo que esteve com a Canarinho e deu a assistência para Júnior marcar o único gol da vitória sobre a Alemanha Ocidental no Maracanã.

Por outro lado, marcou história com a seleção brasileira de futsal. Adílio fez parte do grupo que se sagrou campeão da Copa do Mundo da modalidade em 1989

Comentários