Evento abrigará em sua programação o inédito Seminário de Cinema e Audiovisual do Norte e Noroeste Fluminense, aprovado em editais da CAPES e da FAPERJ
Com a chegada de 2025, vai ganhando forma o I Festival Internacional Goitacá de Cinema, em Campos. Já estão confirmadas uma mostra internacional e uma brasileira, ambas com curtas e longas-metragens, tanto de ficção quanto documentários. O evento vai acontecer em agosto e abrigará o também inédito Seminário de Cinema e Audiovisual do Norte e Noroeste Fluminense, recentemente aprovado em editais da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ). Atualmente, os organizadores estão recebendo propostas de empresas que possam abraçar o projeto do festival enquanto patrocinadoras, uma vez que o mesmo foi aprovado na Lei Rouanet e está sob análise na Lei Estadual de Incentivo à Cultura, conhecida como Lei do ICMS.
A proposta do Seminário de Cinema e Audiovisual do Norte e Noroeste Fluminense nasceu em 2024, em meio à retomada do projeto de criação da Escola de Cinema e Audiovisual na Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF). Sua realização tem como objetivo contribuir na construção de uma agenda de pesquisas e ações voltadas a subsidiar o projeto do sonhado curso, promovendo mesas de debate com participação de pesquisadores, agentes do mercado cinematográfico e representantes do poder público.
— Nosso objetivo é fomentar o debate a partir de diferentes perspectivas sobre a concepção da Escola de Cinema e Audiovisual na UENF, considerando as experiências institucionais existentes a partir da perspectiva de professores, pesquisadores, profissionais do setor e gestores públicos — afirma o cineasta Fernando Sousa, diretor geral do festival e doutorando do programa de pós-graduação em Sociologia Política da UENF. — Dessa forma, poderemos observar os avanços, limites e desafios enfrentados pelo setor, a partir de diferentes realidades regionais e institucionais, em suas interfaces com agentes do mercado e das agências setorizadas do poder público no campo do cinema, da economia criativa e da cultura como um todo — enfatiza.
Na última segunda-feira (28), Fernando tratou do tema em uma reunião presencial com a presidente da FAPERJ, Caroline Alves da Costa, na sede da instituição, no Rio de Janeiro. Aproveitou o encontro para apresentar a ela detalhes do projeto e convidá-la para integrar a mesa de abertura do seminário. Também estiveram presentes o diretor do Centro de Ciências do Homem (CCH) da UENF, Geraldo Timóteo, e seu assessor, Elias Rocha Gonçalves, bem como Karina Ritter Timóteo, que, assim como Fernando, é doutoranda do programa de pós-graduação em Sociologia Política da UENF.
m outubro do ano passado, Fernando Sousa já havia se reunido com a reitora da UENF, Rosana Rodrigues, para lhe mostrar a primeira versão do projeto atualizado da Escola de Cinema e Audiovisual da UENF. Na ocasião, estiveram junto a eles o professor Geraldo Timóteo, diretor do Centro de Ciências do Homem (CCH) da UENF; os também professores Mauro Macedo Campos e Roberto Dutra, membros do Laboratório de Gestão de Políticas Públicas da universidade; e David Maciel, coordenador do curso de pós-graduação em Sociologia Política. David, inclusive, é o proponente do Seminário de Cinema e Audiovisual, planejado pela produtora Quiprocó Filmes, em parceria com a UENF, como um marco para o setor no Norte Fluminense.
— Com a realização do seminário, a UENF reafirma o seu protagonismo na formação e qualificação de mão de obra para futuros profissionais atuarem na criação e consolidação de um polo regional de produção de cultural — diz David Maciel. — Isso vale para a realização e produção cinematográfica, mas também para que esses futuros profissionais atuem no mercado de trabalho e na gestão de políticas públicas do setor cultural no raio de ação próximo à universidade, que abrange boa parte do interior fluminense e um número considerável de cidades do Espírito Santo e de Minas Gerais — finaliza.
Campos é um município que possui grande relação histórica com a chamada sétima arte. Por mais que atualmente tenha apenas três cinemas, todos eles em shoppings, nos áureos tempos chegou a contar com quase 70 salas para exibições de filmes. Uma cultura mantida na cidade é a dos cineclubes, entre eles o Cine Darcy, realizado pela UENF. Em relação à produção cinematográfica, a planície goitacá foi palco de gravações de novelas, como "Escrava Isaura" (1976), de Walcyr Carrasco, e filmes, entre os quais "Ganga Zumba" (1963) e "Xica da Silva" (1963), de Cacá Diegues. Produções locais também foram promovidas, com destaque para os filmes "Sobre o domínio da fé" (1995), de Maria Helena Gomes; "Forró em Cambahyba" (2013), de Vitor Menezes; e "Faroeste Cabrunco" (2022), de Victor Van Ralse.
Incentivos — Uma das instituições apoiadoras do Seminário de Cinema e Audiovisual do Norte e Noroeste Fluminense é a FAPERJ, agência de fomento à ciência, à tecnologia e à inovação no estado do Rio de Janeiro, vinculada à Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação. A contemplação ao seminário se deu por meio do edital “Apoio à Organização de Eventos Científicos, Tecnológicos e de Inovação no Estado do Rio de Janeiro”, voltado a patrocinar eventos organizados por pesquisadores, representantes de entidades do setor de inovação, empresas e Organizações da Sociedade Civil (OSCs) com sede em território fluminense. A CAPES, por sua vez, é uma agência do Ministério da Educação que também concede bolsas e auxílios, além de realizar avaliações periódicas de cursos de pós-graduação. No âmbito da CAPES, o seminário foi aprovado no Programa de Apoio a Eventos no País (PAEP), que visa a conceder apoio financeiro à realização de eventos de caráter científico, tecnológico ou de extensão de curta duração, com envolvimento de pesquisadores, docentes e discentes dos programas de pós-graduação.
Quanto ao Festival Internacional Goitacá de Cinema como um todo, a proposta está aprovada na Lei Rouanet, oficialmente Lei Federal de Incentivo à Cultura. Trata-se de uma ferramenta do Ministério da Cultura voltada a estimular a produção, preservação e difusão cultural no Brasil. Nela, o fomento ocorre principalmente por meio de incentivo fiscal concedido a quem patrocina projetos com esse fim. Já a Lei Estadual de Incentivo à Cultura (Lei do ICMS), em que o festival está sob análise, é um mecanismo da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, igualmente voltado ao fomento cultural. Esta lei permite que empresas contribuintes de ICMS em território fluminense patrocinem a produção cultural utilizando o incentivo fiscal concedido pelo estado.