Operação prende sócio de laboratório envolvido em contaminação de transplantes por HIV
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Publicado em 14/10/2024

Médico ginecologista, o suspeito é casado com a tia do ex-secretário de Saúde do estado do Rio, Dr. Luizinho

Por O Dia / Foto Reginaldo Pimenta (Ag. O Dia)

Rio - A Polícia Civil realiza, nesta segunda-feira (14), uma operação com o objetivo de cumprir quatro mandados de prisão e 11 de busca e apreensão no caso envolvendo transplante de órgãos infectados com vírus HIV. Até o momento, um dos sócios do laboratório PCS Lab Saleme - responsável pelos exames - Walter Vieira, foi preso. 

Médico ginecologista, o suspeito é concursado do município de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, e foi afastado do cargo público nesta sexta-feira (11). Segundo a prefeitura da cidade, ele exercia o cargo não remunerado como presidente do Comitê Gestor de Vigilância e Análise do Óbito Materno Infantil e Fetal da cidade.

alter também é casado com a tia do deputado federal e ex-secretário de Saúde do estado do Rio, Dr. Luizinho. A empresa foi contratada pela Fundação Saúde, empresa pública do Governo do Rio, no mesmo período da gestão do parlamentar.

O laboratório de análises clínicas PCS LAB Dr. Salame, com sede em Nova Iguaçu, é alvo das investigações, suspeitando-se que o grupo tenha falsificado laudos em outros casos além dos transplantes. Durante as buscas, o local precisou ser arrombado pelos policiais. A sede estava interditada desde a semana passada.

Essa é a primeira fase da operação "Verum", conduzida pela Delegacia do Consumidor (Decon). As investigações indicam que os laudos, falsificados por um grupo criminoso, foram utilizados pelas equipes médicas, induzindo-as ao erro, o que levou à contaminação de pelo menos seis pacientes. Um deles veio a falecer, com as causas da morte ainda sob investigação.

"Determinei imediatamente a instauração do inquérito, atendendo a determinação do governador para que os fatos fossem investigados com maior rigor e rapidez. Conseguimos elementos para representar pelas cautelares junto à Justiça em tempo recorde, para que os culpados sejam punidos com a maior celeridade", disse o secretário de Estado da Polícia Civil, Felipe Curi.

Os envolvidos são investigados por diversos crimes como as relações de consumo, associação criminosa, falsidade ideológica, falsificação de documento particular e infração sanitária.

"O crime é inaceitável e atenta contra a vida e a dignidade humana. Não descansaremos até que todos os envolvidos nesse esquema criminoso sejam identificados e punidos de acordo com a lei. A vida de inocentes foi colocada em risco, e o Estado não permitirá que esse tipo de crime fique impune", declarou o governador Cláudio Castro.

Procurado, o Dr. Luizinho afirmou que conhece o laboratório há mais de 30 anos e que ele foi dirigido, inicialmente, pelo pai de Walter. O político também lamentou o ocorrido e desejou ao fim das investigações "punição exemplar para os responsáveis por esses gravíssimos casos de contaminação".

Sobre o laboratório prestar serviços durante a sua gestão, o ex-secretário de Saúde garantiu que manteve a mesma equipe do Programa Estadual de Transplantes da gestão anterior e que nunca participou da contratação deste ou de qualquer outro Laboratório.

A reportagem tenta contato com a defesa de Walter, o espaço está aberto para manifestações.

Entenda o caso

A situação foi descoberta no último dia 10 de setembro, segundo revelou a BandNews, quando um paciente transplantado foi ao hospital com sintomas neurológicos e teve resultado para HIV positivo. Logo depois, amostras dos órgãos doados pela mesma pessoa foram analisadas e outros dois casos confirmados. Há uma semana foi notificado que mais um receptor de órgãos teve o exame de HIV positivo, após o transplante, confirmando seis casos até o momento.

O laboratório privado responsável por fazer os exames de sangue nos doadores foi contratado por licitação pela Fundação Saúde para atender o programa de transplantes. O estabelecimento teve o serviço suspenso logo após o caso ser descoberto e foi interditado cautelarmente. Com isso, os testes passaram a ser realizados pelo Hemorio.

Além da Secretaria de Saúde, o caso também é investigado pela Polícia Federal, bem como pelos Ministérios Público do Rio (MPRJ) e da Saúde, e o Conselho Regional de Medicina (Cremerj).

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