Rosana Rodrigues esteve reunida na última segunda-feira com o cineasta Fernando Sousa e o professor Roberto Dutra, que encabeçam a retomada da proposta
Por Assessoria
Sonhada pelo antropólogo Darcy Ribeiro há mais de três décadas, a Escola de Cinema e Audiovisual da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), em Campos, caminha para enfim sair do papel. Na última segunda-feira (7), os responsáveis pela retomada da pauta apresentaram à reitora da UENF, Rosana Rodrigues, a primeira versão do projeto atualizado.
— No dia 16 de agosto, quando se comemorou o 31º aniversário da UENF, lançamos o curta-metragem "Campos é uma cidade de cinema", com narração do ator campista Tonico Pereira — lembra o cineasta Fernando Sousa, doutorando do programa de pós-graduação em Sociologia Política da universidade. — Aquele curta-metragem foi o embrião para recuperarmos a relação histórica do Norte Fluminense com o cinema brasileiro, encabeçando uma série de outras ações voltadas a esse objetivo. Agora, na reunião com a reitora, demos mais um importante passo para que o projeto possa ser colocado em prática — complementa.
Além de Fernando Sousa, o encontro com Rosana Rodrigues também teve participação do professor Geraldo Timóteo, diretor do Centro de Ciências do Homem (CCH) da UENF; dos também professores Mauro Macedo Campos e Roberto Dutra, membros do Laboratório de Gestão de Políticas Públicas da universidade; e de David Maciel, coordenador do curso de pós-graduação em Sociologia Política. O projeto em questão está sendo idealizado, discutido e elaborado no âmbito do Plano de Desenvolvimento Institucional do CCH-UENF.
Além da atualização do projeto, foram abordadas algumas ações e articulações em curso para a sua retomada, como a organização do Seminário de Cinema e Audiovisual do Norte e Noroeste Fluminense. Destaque também para a criação do Festival Internacional Goitacá de Cinema, previsto para agosto de 2025. Essa iniciativa é da produtora Quiprocó Filmes, que pensa no evento como um marco para o setor audiovisual em Campos. Outro item mencionado foi a possibilidade de a UENF ofertar uma disciplina de “Cinema e sociedade” já no primeiro semestre de 2025, em níveis de graduação e pós-graduação. Por fim, comentou-se sobre o início de uma interlocução com o sociólogo Juca Ferreira, ex-ministro da Cultura e atual assessor especial do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante.
Nos últimos meses, a UENF demonstrou que dará maior atenção ao assunto cinema. Em junho, por exemplo, a Casa de Cultura Villa Maria sediou a exibição do documentário "Rio, Negro" (2023), de Fernando Sousa e Gabriel Barbosa, seguida por um debate sobre a proposta de criação do curso de cinema. No mês seguinte, a Diretoria de Cultura anunciou que a atriz campista Zezé Motta será a primeira pessoa a receber o título de doutora honoris causa da universidade, também com indicação feita por Fernando Sousa.
Nos áureos tempos do cinema em Campos, a cidade chegou a ter quase 70 salas para exibições de filmes. Atualmente, conta com apenas três cinemas, todos em shoppings, além de alguns cineclubes, entre eles o Cine Darcy, realizado pela UENF. Em relação à produção cinematográfica, a planície goitacá foi palco de gravações de novelas, como "Escrava Isaura" (1976), de Walcyr Carrasco, e filmes, como "Ganga Zumba" (1963) e "Xica da Silva" (1963), de Cacá Dieguez. Produções locais também foram promovidas, com destaque para os filmes "Sobre o domínio da fé" (1995), de Maria Helena Gomes; "Forró em Cambahyba" (2013), de Vitor Menezes; e "Faroeste Cabrunco" (2022), de Victor van Ralse.