Rodolpho Maia, Heron Ricardo e outros sul americanos já viajam, de ônibus, para fronteira com Egito cumprindo trajeto que pode durar 17 horas
Por Arnaldo Garcia
Foto Divulgação (arquivo)
Depois de quase 15 dias confinados em um apartamento na cidade de Cartum, no Sudão, os esportistas brasileiros, dentre os quais o preparador físico Rodolpho Maia, de Campos, e o treinador Heron Ricardo, do Rio de Janeiro, finalmente conseguiram deixar a cidade com destino a Ansuan, na divisa com o Egito. O Itamaraty divulgou nota, neste domingo, confirmando essa retirada com o apoio da Organização Nações Unidas (ONU), afirmando número de brasileiros e apontando o Norte como destino dos mesmos,
A nossa reportagem em contato com o preparador físico Rodolpho Maia, confirmou essa saída do apartamento na cidade de Cartum, no Sudão, e a tentativa de chegada à fronteiriça Ansuan, no território egípcio:
“Conseguimos, finalmente, deixar o apartamento onde estávamos presos por mais de 10 dias, mas o medo, o sufoco e as privações alimentares ainda não estão superados. Sabemos que é uma viagem longa, que há muitas barreiras no trajeto e que não há nenhuma garantia logística quanto à alimentação. Só estaremos aliviados quando chegarmos ao aeroporto e tivermos a certeza de que o destino será o Brasil”, afirmou Maia.
Essa retirada em um ônibus, conforme informou o professor Rodolpho Maia, irritou muito os brasileiros, como o atleta Paulo Sérgio, ex Flamengo que usando suas redes socias usou palavras de baixa qualificação contra o governo brasileiro. Isso porque, a Espanha enviou seis aviões do seu Exército para a cidade de Djibuti, objetivando a retirada de 80 pessoas entre espanhóis, outros europeus e sul americanos. Houve dificuldade para a entrada desses aviões, em função do fechamento do aeroporto do Sudão e a entrada teria ocorrido a partir de um aeródromo. Vários países estão se mobilizando para a essa ação de repatriação.
As autoridades líbias, informa a Agencia Reuters, concluíram hoje (23) a retirada por mar de quase uma centena de cidadãos retidos no Sudão, devido aos confrontos da última semana, que já provocaram 400 mortos e mais de 3.500 feridos.
Os brasileiros informaram que estão seguindo para Ansuan, no Egito, entretanto o embaixador da Líbia em Cartum, Fawzi Boumrez, anunciou, neste sábado (22), a retirada de 83 cidadãos e suas famílias por meio de Port Sudan (Nordeste), localizado a 600 quilômetros da capital e às margens do Mar Vermelho, com transferência da cidade saudita de Jeddah, antes de retornar ao seu país. Os brasileiros que estavam em Cartum estão seguindo para Aswan, que dista 950 km da capital egípcia, e possui aeroporto. Mas o sofrimento dos brasileiros ainda está distante de ser encerrado, afinal, de Cartum, de onde já partiram de ônibus, até Aswan, no Egito, são 1.220 Km. Não há fuso horário.
Nota do Itamaraty
Neste domingo (23), o Itamaraty divulgou o seguinte comunicado:
“O governo brasileiro segue empreendendo esforços para retirar todos os brasileiros em território sudanês tão logo quanto possível. Estabeleceu-se como prioritária a retirada dos brasileiros que se encontravam na capital, Cartum, onde houve grande parte dos conflitos nos últimos dias.
Registravam-se 16 nacionais naquela cidade. Entre esses, preocupava especialmente a situação de três crianças, que deixaram Cartum esta madrugada, em companhia do pai, em comboio da ONU para o leste do país. Outros 10 saíram esta tarde por via terrestre em direção ao norte. Uma cidadã seguiu para cidade ao sul, conforme orientada pela organização da qual faz parte. Resta um cidadão brasileiro na capital, que presumia poder ser evacuado esta manhã, o que acabou não sendo possível. Encontra-se em segurança e aguardando orientações.
O governo brasileiro chegou a viabilizar evacuação mais ampla em coordenação com a ONU e com países europeus, o que não pôde ser concretizado por questões de deslocamento e segurança”.
O Brasil permanece em estreito contato com a ONU e com outros governos com nacionais no Sudão e continua a monitorar a situação dos demais brasileiros no país, que por estarem em localidades não conflagradas, estão em situação de menor risco relativo.
O campista professor campista Rodolpho Maia não vê a hora dessa tormenta passar e poder rever os seus familiares e amigos. Agradece o apoio que tem recebido com seus companheiros, através de orações e simples torcida. Pede que as pessoas continuem orando e mantendo as vibrações positivas.