Campista e outros brasileiros pedem ajuda ao Itamaraty para deixar o Sudão
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Publicado em 18/04/2023

Ex-preparador físico de Americano e Goytacaz, Rodolpho Maia é um dos brasileiros no Al-Merreikh, treinado por Heron Ferreira, outro ex-Americano; país vive guerra de generais

 

Por Matheus Berriel e Arnaldo Garcia

Foto Divulgação

Desde o último sábado (15), a população do Sudão vive sob clima de medo, devido à guerra entre facções militares lideradas pelos dois generais protagonistas de um golpe de Estado em 2021. Cerca de 12 brasileiros vivem no país, entre eles o campista Rodolpho Maia, ex-preparador físico de Americano e Goytacaz. Ele é um dos membros da comissão técnica do Al-Merreikh, um dos principais clubes sudaneses de futebol, treinado pelo carioca Heron Ferreira, que em 1995 foi técnico do Americano. Segundo Rodolpho Maia, enquanto aguardam ajuda do Itamaraty para deixar Cartum, capital do Sudão, a rotina tem sido tensa e amedrontadora. O conflito entre o Exército local e um grupo paramilitar já causou 185 mortes e deixou mais de 1.800 pessoas feridas.

— Em todo o país se escuta tiros, rajadas, caças e bombas — lamenta Rodolpho, que concedeu entrevista ao blog por rede social. — É uma sensação bem desagradável, mas sou cristão, confio nos propósitos de Deus, e em tudo Ele possui um. Sei que logo Ele nos tirará daqui — acrescenta o campista.

Rodolpho Maia e Heron Ferreira integram a delegação brasileira do Al-Merreikh junto a outros três membros da comissão técnica e quatro jogadores, um deles o atacante Paulo Sérgio, que se destacou pelo Flamengo em 2007. Alguns estão no clube desde o final de 2022, e outros chegaram no início deste ano. Rodolpho Maia está por lá há cinco meses, embora esta seja a sua quinta passagem pelo futebol do Sudão. O Al-Merreikh disputa atualmente a Liga dos Campeões da África e o campeonato nacional, do qual é vice-líder. Porém, neste momento, os jogos estão paralisados.

— A situação é crítica, e não estamos recebendo muito o apoio da embaixada brasileira aqui no Sudão. Dependemos das autoridades brasileiras para que possamos deixar o país — enfatiza Rodolpho Maia.

Segundo ele, uma funcionária do Itamaraty tem conversado diariamente com os brasileiros no país. Porém, não há informação sobre quando eles poderão embarcar para o Brasil. Diante do impasse, parte do grupo de profissionais do Al-Merreikh chegou a divulgar um vídeo nas redes sociais, visando a ter maior alcance, para que a causa ganhe adesão da população brasileira.

— Uma moça do Itamaraty nos escreve diariamente, mas nada resolve, apenas pede para que a gente fique em casa. Moramos no mesmo prédio, em vários apartamentos. Não estamos tendo muita assistência das autoridades brasileiras, o embaixador do Brasil aqui no Sudão está na Arábia Saudita. Estamos trancados em casa, com comida para pouco tempo. Os mercados não estão sendo reabastecidos, e isso é um problema — relata o campista. — Não podemos sair de casa. Embaixo do prédio há um mercadinho que nos atende, mas já não encontramos alguns artigos básicos, como água, carne, ovo, pão, etc. — complementa.

Nessa segunda-feira (17) o jornal "O Globo" divulgou que, de acordo com o Ministério das Relações Exteriores, há 12 brasileiros no Sudão. A notícia diz que o governo brasileiro tem mantido contato com representantes de outros países que também possuem cidadãos em território sudanês, para planejar "ações coordenadas de assistência, a serem implementadas a partir do momento em que as condições de segurança permitirem". Ainda segundo "O Globo", o Itamaraty informou também estar em contato com as famílias de brasileiros no Sudão, prestando "toda a assistência possível". O blog também entrou emj contato com o Itamaraty, na noite dessa segunda, e aguarda um posicionamento.

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