Mulheres reforçam luta por direito no mercado de trabalho
Justiça, Cidadania e Inclusão
Publicado em 16/03/2023

Evento faz parte da programação do Legislativo no mês da mulher

O mercado de trabalho ainda segue desigual para as mulheres, mas os avanços podem e devem ser celebrados. Assim aconteceu na noite desta quarta-feira (15), quando a Câmara de Macaé promoveu, no plenário do Centro Cultural do Legislativo, a audiência pública “Elas Pensam Macaé!”, conduzida por Iza Vicente (Rede) pelo terceiro ano consecutivo.

Nesta edição, o tema proposto foi “Os desafios das mulheres no mercado de trabalho”. Ao lado de Iza, estiveram autoridades municipais e personalidades que se destacam pela defesa da pauta. A plateia foi formada majoritariamente por estudantes e trabalhadoras que, por diversos momentos, demonstraram emoção pela representatividade da audiência.

Ao iniciar a fala, Iza citou avanços do governo municipal. “No primeiro ano, o tema foi sobre a violência doméstica e, hoje, temos uma secretaria no Executivo criada para tratar da questão. Já em 2022, o foco esteve na saúde e no enfrentamento da violência obstétrica. Para garantir os direitos de todas as gestantes, o HPM receberá investimentos milionários na ampliação da maternidade”, disse a vereadora, referindo-se à implementação da Rede Cegonha, programa que acompanha mulheres desde antes da gestação até o pós-parto.

Desafios femininos

A professora e pesquisadora Sabrina Nunes é servidora macaense há 13 anos e esteve durante um período como secretária de Trabalho e Renda. Ela reforça que as dificuldades não ficam restritas somente à qualificação. “Muitas mulheres encontram desafios maiores até mesmo antes de buscar uma vaga. No ano passado, atendemos 2,8 mil, enquanto o número de homens chegou a 4 mil.”

Coordenadora do Núcleo de Educação para o Trabalho, Anne Cordova disse que muitas empresas sequer chamam mães para entrevistas. “Isso comprova a exclusão maternal. A gente vê o anúncio de vaga para ambos os sexos, mas sabemos que na hora eles já eliminam mães com filhos pequenos, mesmo que sejam mais qualificadas”, acrescentou.

Neste difícil cenário, boa parte das mulheres encontram alternativa somente no mercado informal, sem direitos trabalhistas. É o que lamenta a professora de Direito do Trabalho da Universidade Federal Fluminense (UFF), Gabriela Caramuru. “Hoje, as mulheres ganham 20% a menos dos homens exercendo o mesmo cargo. Se for uma mulher negra, a diferença chega a 57%. Fora a questão financeira, sabemos que é uma realidade o assédio moral e sexual, além da imposição de metas abusivas e de humilhações que muitas enfrentam diariamente.

Secretária de Políticas para as Mulheres, Sheila Juvêncio demonstrou otimismo. “Estou em uma pasta nova e aceitei o desafio de conduzir os trabalhos há poucos meses, mas já temos conquistas, como a inauguração da Sala Lilás, no HPM, para o acolhimento de mulheres vítimas de violência. Temos muito a fazer ainda e reconheço a importância simbólica de ser uma mulher preta em uma posição de poder, assim como a Iza.”

Homenagens

A audiência foi encerrada com entrega de moções para mulheres que se destacam na sociedade macaense. Uma delas foi a maquiadora e penteadista Jheniffer Ozório, que se formou no ramo da beleza por meio de um curso gratuito ofertado pelo Cetep.

Lembro que a minha primeira formação veio há 10 anos e sequer conseguia o dinheiro da passagem. Tinha que ir andando, mesmo com problema no joelho. Naquela época, era raro ver mulheres negras como eu em postos de liderança. A Sheila foi um grande exemplo na minha vida e, hoje, quero mostrar para outras que é possível mudar a nossa realidade. Somos sementes.

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