Repercutindo reportagem de Mirelle Pinheiro, do Metrópoles, PF identifica no Distrito Federal núcleo que movimentou R$ 2,7 bilhões e mantém ligação direta com a GAS Consultoria, sediada em Cabo Frio
Por Prensa de Babel / Cabo Frio
A Operação Kryptolaundry, deflagrada nesta terça-feira (9) pela Polícia Federal no Distrito Federal, expõe uma nova engrenagem bilionária ligada ao esquema do chamado Faraó dos Bitcoins, Glaidson Acácio dos Santos. A apuração, divulgada originalmente pela jornalista Mirelle Pinheiro, do Metrópoles, revela que o núcleo desmantelado nesta fase movimentou mais de R$ 2,7 bilhões, dos quais R$ 404 milhões foram identificados como recursos ilícitos.
Ao todo, foram cumpridos 24 mandados de busca e apreensão e nove prisões preventivas, atingindo 45 pessoas físicas e jurídicas suspeitas de crimes financeiros, lavagem de dinheiro, organização criminosa e falsidade ideológica. A Justiça também determinou o bloqueio de até R$ 685 milhões e o sequestro de propriedades urbanas e rurais.

Esquema que começou em Cabo Frio se expande e chega ao DF
Como destaca o Metrópoles, parte das movimentações rastreadas pela Kryptolaundry tem conexão direta com operadores investigados no esquema que teve origem em Cabo Frio, epicentro da atuação da GAS Consultoria. A cidade se tornou, desde 2021, símbolo nacional das pirâmides financeiras com criptomoedas, irradiando impactos e prejuízos para toda a Região dos Lagos, especialmente Búzios e Arraial do Cabo.
Essa é a primeira operação que formalmente identifica derivações estruturadas do grupo de Glaidson no Distrito Federal, com grande volume financeiro e participação de novas empresas criadas após o colapso da GAS em Cabo Frio.
Condenação e antecedentes
Glaidson foi condenado em outubro a 19 anos e 2 meses de prisão por organização criminosa e corrupção ativa, na Operação Novo Egito, do Gaeco do Ministério Público do Rio. Seu braço direito, Daniel Aleixo Guimarães, o Dany Boy, recebeu 16 anos e 4 meses. A sentença apontou que o grupo pagou R$ 150 mil em propina a policiais da Delegacia de Defraudações para prejudicar uma concorrente.
O juiz Nilson Lacerda, da 1ª Vara Especializada em Organizações Criminosas, determinou ainda a transferência de Glaidson para um presídio federal fora do Rio.
O império do Faraó
Preso desde agosto de 2021, o empresário foi alvo de uma das maiores operações da história da PF envolvendo criptoativos. Na época, foram apreendidos:
• R$ 150 milhões em criptomoedas;
• R$ 14 milhões em dinheiro vivo;
• dezenas de carros de luxo;
• relógios e joias avaliados em milhões.
Desde 2023, Glaidson cumpre pena na Penitenciária Federal de Catanduvas (PR).
A Operação Kryptolaundry reforça a dimensão e a capilaridade do esquema que teve como sede Cabo Frio, mas que se projetou pelo país — agora alcançando oficialmente o Distrito Federal com novas ramificações e movimentações bilionárias.