Sampaoli fica sem clima no Flamengo e continuidade dependerá de resultados
Esportes
Publicado em 12/08/2023

Técnico deverá promover chacoalhada no elenco antes de novos jogos decisivos

Informações de "O Globo" - Foto Lucas Tavares / Agência O Globo

As consequências de um roteiro repetido no Flamengo não apagam os problemas decorrentes dele. Hoje, é possível dizer que não há mais clima para sustentar Sampaoli no comando da equipe. O respaldo da diretoria desidrata conforme ela própria vira alvo. E entre os jogadores nunca houve simpatia pelo argentino, apenas respeito por métodos empregados sem o que se considera internamente o tato necessário para tal.

Com o jogo contra o São Paulo no domingo pelo Brasileiro e a volta da semifinal da Copa do Brasil diante do Grêmio, na semana que vem, será esperada uma reação para que a relação velada se perpetue. Sampaoli não parece disposto a assumir esse papel de dirigente e se desgastar em tarefas que não são suas. Mesmo o gerente Gabriel Andreatta, que veio com ele para ser interlocutor com a diretoria, é fritado internamente por aparentar tomar um partido da comissão técnica quando tenta cobrar os jogadores.

Diante de uma estrutura fechada entre outros profissionais, o isolamento em grupos distintos é claro. Direção de um lado, comissão técnica do outro, jogadores em um canto próprio. Mas no sistema do Flamengo os atletas também acabam intactos e nem precisam promover desgastes claros. Em campo contra o Olímpia, a reação vista a cada gol era de cabeças baixas.

Nenhum chamado, nenhum grito, a pouca comunicação entre os atletas salta aos olhos dentro e fora de campo ultimamente. O que faz a diretoria e a comissão técnica concordarem no sentido de uma reformulação gradual para a mudança de mentalidade. Mas essa mentalidade, ironicamente, é produto de uma estrutura que os que comandam não se interessam em mudar.

Nesse momento o Flamengo não considera negociar ninguém, a não ser em caso de proposta irrecusável. Chegadas serão avaliadas para 2024, por enquanto em diálogo com Sampaoli, que não esconde a insatisfação de não ter recebido mais jogadores. O técnico já vem forçando a barra pra pedir reforços e minando alguns jogadores, considerados fora dos planos. Esse processo sim tem chance de se intensificar com a eliminação. E novas caras aparecerem no time, sobretudo jovens, para evidenciar as lacunas, como se fez com Wesley e Victor Hugo, no intuito de dar uma chacoalhada geral.

No processo, há poucos pilares no elenco para Sampaoli se apoiar. Gerson é um dos poucos homens de confiança e pode ter papel importante. O meia já vinha incomodado com a postura do elenco desde o começo da temporada, e embora não esteja em boa fase, tem identificação com a torcida indiscutível. Gabigol é outro que terá função decisiva. Técnicos que se perpetuaram no Flamengo nos últimos anos têm em comum o fato de desenvolver uma boa relação com o camisa 10.

Há claros sinais de fim de ciclo para David Luiz e Filipe Luis mesmo depois de algumas boas exibições. O mesmo vale para Éverton Ribeiro. A questão é que nem Sampaoli nem a diretoria indica o fim da linha para quem não quer aproveitar. Mais uma vez para evitar desgastes. Os reforços empilhados e nos quais se gastou cifras milionárias, como Cebolinha e Luis Araújo, são os casos mais recentes de contratações que não deram certo. Na tentativa e erro, o Flamengo joga com a sorte, às vezes ganha, às vezes perde.

 

 

 

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